Caderno da Lê
História e geografia
Letícia
B. Lourencio | cadernodale.blogspot.com | 09/10/2020
O TEMPO DE MERCÚRIO E O TEMPO DE VULCANO
As diferentes correntes de pensamento da História
e Geografia e os seus reflexos no ensino.
Principais questões:
•
Os
princípios e fundamentos de cada ciência variam de acordo com as necessidades
teóricas de cada época.
•
Os estudiosos apresentam ideias, hipóteses,
explicações e interpretações coerentes com as respostas exigidas pelo contexto
social, político, econômico, cultural e tecnológico do período.
•
Com a
História e a Geografia isso aconteceu.
•
Situando
essa questão no tempo...
Positivismo (Séc. XX)
O Positivismo surgiu com o desenvolvimento do
Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da
sociedade industrial. Ele foi uma doutrina que englobou tanto perspectivas
filosóficas como científicas do século XIX.
Os seguidores desse movimento acreditavam num ideal de neutralidade Em busca do "como", através da descoberta e do estudo das
leis naturais. Pregando a
fragmentação dos dados em diferentes
campos e métodos específicos (surgiram várias “Geografias”
- geomorfologia, a biogeografia, a climatologia, entre outras).
A partir daí, os homens passam a ser estudados na Geografia
Humana, através no tema população pelos dados quantitativos de crescimento,
distribuição, expectativa de vida, natalidade e mortalidade, surge o método- descrição, a enumeração e a classificação dos fatos, etc.
Resumindo: O
Positivismo é uma concepção filosófica e metodológica, e foi por meio dessa
corrente de pensamento que a Geografia deixou a Idade Clássica, e ingressou na
Era Moderna, que trouxe um novo discurso para a Geografia, exigindo um saber
sistematizado e a possibilidade de afirmar proposições a partir de um certo
grau de precisão, nos limites de uma linguagem lógica. Foi nesse palco que os
geógrafos ergueram os pilares da Geografia Tradicional. Os intelectuais
vinculados às correntes, determinismo ambiental, possibilismo e o método
regional intentaram as primeiras tentativas de generalização feitas pelos
geógrafos do período moderno. Vamos apenas relembrar as principais características
da Geografia Positivista: redução da realidade ao mundo dos sentidos,
existência de um único método de interpretação, comum a todas as ciências, a
Geografia é uma ciência de síntese. O pensamento geográfico também se sustentou
à custa de alguns princípios elaborados no processo de constituição dessa
disciplina, e tidos como inquestionáveis, são eles: princípio da unidade
terrestre - a princípio da individualidade, princípio da atividade, princípio
da conexão, princípio da comparação e princípio da extensão.
O ensino da História e a Geografia no Positivismo
− HISTÓRIA:
•
metodologia
fundamentada na aula expositiva;
•
sujeito da
aprendizagem tornava-se então, um receptáculo que deveria registrar os
conteúdos transmitidos pelo professor;
•
os
conteúdos- “grandes acontecimentos históricos e políticos” apresentados como
fatos prontos e acabados, não passíveis de reflexão e interpretação;
− GEOGRAFIA:
•
programa formado das famosas “gavetinhas” :
dados políticos, clima, relevo, vegetação, hidrografia, população, recursos
naturais e produção - estados, países e continentes;
•
conhecimento informativo, com uma
coleção de dados quantitativos que exigiam mais
memorização do que análise;
O PENSAMENTO MARXISTA
Comparação e princípio da extensão. A palavra
marxismo designa a doutrina política elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels
e o método de análise socioeconômica baseada no que Marx chamou de materialismo
histórico dialético, que apresenta como elemento de definição e análise da
sociedade a sua produção material. Compreendendo
o homem como um ser social histórico que possui a capacidade de trabalhar e
desenvolver a produtividade pela sua atividade;
O marxismo influenciou os mais diversos
setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática
sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos,
históricos e econômicos.
O MARXISMO
NA EDUCAÇÃO
Um ponto forte
do marxismo é que ele fornece uma visão da transformação social e promove uma
visão da ação humana determinada a levar adiante essa transformação. Ela
retrata um mundo onde as coisas não são fixas e luta por mudança. Por essas
características, o marxismo, muitas vezes, tem um apelo àqueles que se vêem
como oprimidos. Além disso, enfatiza um ideal de poder social para as classes
menos favorecidas, dessa forma, têm um forte elo para aqueles que vivem sob
regimes ou em circunstâncias que demonstram pouca preocupação com a classe mais
pobre.
O
MARXISMO NO ENSINO DA HISTÓRIA E DA GEOGRAFIA
O Ensino da História
mediado pela concepção histórico-social possibilita ao aluno situar
e entender a sociedade na época atual, apreendendo o seu movimento, a sua
historicidade. Mostra a importância
das massas nos feitos históricos e prova que não foram os heróis que fizeram a
história e prova
que tudo que aconteceu na história da humanidade foi motivado, pelo dinheiro ou
busca de privilégios de um grupo minoritário sobre os demais, majoritários e sozinhos.
A partir das últimas
décadas do século XX, notadamente com a crise do marxismo, o campo da história
da educação passou a contar com a hegemonia da Nova História. Desde então, os
objetos de estudo passaram a privilegiar a história das mentalidades, da vida
cotidiana, das mulheres, do microacontecimento educacional etc. A
"história em migalhas" em que se transformou grande parte da história
da produção acadêmica nessa área está diretamente relacionada com a concepção
historiográfica que abandonou a preocupação com os movimentos que explicam a
totalidade societária e que, por sua vez, se restringe apenas às propriedades
únicas, singulares, inerentes a cada um dos fenômenos educacionais estudados.
Além disso, os pesquisadores da educação filiados a essa concepção
historiográfica tratam o contexto histórico mais geral da sociedade capitalista
como um elemento dado da realidade educacional brasileira e, portanto,
desnecessário de ser investigado do ponto de vista das contingências históricas
que condicionam o cotidiano das práticas pedagógicas.
O Ensino de Geografia pelo
marxismo promove a compreensão da totalidade concreta e a propagação de valores
fundamentais como solidariedade, liberdade, justiça e igualdade. É mediado pela
concepção histórico-social chamada de Geografia Crítica e
constroi ferramentas teóricas e práticas para a superação do status quo, pois
amplia a capacidade dos estudantes em produzirem outras espacialidades a partir
da crítica aos processos históricos dominados por uma classe reguladora do modo
de produção capitalista.
Torna-se uma ciência apta a elaborar uma
crítica radical à sociedade capitalista pelo estudo do espaço e das formas de
apropriação da natureza, estabelecendo uma educação que estimule a inteligência
e o espírito crítico.
A perspectiva de uma
Geografia Crítica, se localiza no real, no meio em que aluno e professor
estão situados e que é fruto da práxis coletiva dos grupos sociais.
Ensinar Geografia significa problematizar o
mundo pelo cotidiano dos estudantes por meio das articulações escalares
vinculadas à economia, à política e à cultura. Por meio do materialismo
histórico-dialético amplia-se a possibilidade do estudante compreender o mundo
sem se afastar do mesmo, isto é, compreenderá que faz e é parte do mundo, pois
a ciência geográfica não o anulará no seu cotidiano. O pensamento marxista
fundamenta-se sobre a crítica à organização econômica, social e política
baseada na exploração dos seres humanos resultando na concentração da riqueza
para poucos e a pobreza para muitos. A sociedade ocidental capitalista tem suas
bases conceituais aplicadas cotidianamente pelo que Thompson (2001) nomeou de
ética aquisitiva, ou seja, foram edificados valores e símbolos que justificam a
exploração, a acumulação e a pobreza, em outras palavras, “naturalizaram” o
capitalismo. A construção desta ética permite o desenvolvimento do universo
simbólico e consequentemente à manutenção do status quo.
A relação teórica e prática do Ensino de
Geografia com o marxismo parte do concreto, das manifestações cotidianas das
relações socioeconômicas e espaciais no cotidiano dos sujeitos. O concreto é o
vivido, geograficamente significa o espaço experenciado pelos sujeitos ao mesmo
tempo em que os sujeitos, a partir destas experiências, se projetam no espaço.
A projeção do sujeito obriga-o a novas experiências com a espacialidade e, por
fim, culmina em novas relações sujeito-mundo. A compreensão destas relações
dialéticas torna-se possível pela mediação do conhecimento, pela construção
categorial e conceitual dos elementos geográficos. Enfim, o Ensino de
Geografia, pelo método materialista histórico-dialético, permite aos estudantes
a compreensão de suas diferentes participações na espacialidade cotidiana, sem
forçá-los à passividade, ao contrário, apontando-os para a atividade. O
aprendizado geográfico marxista colabora para a edificação da totalidade
compreendida cotidianamente, pois o concreto é a espacialidade vivida. A
vivência cotidiana e a compreensão da processualidade histórica e geográfica
fornecem ao estudante a condição de ser sujeito de sua própria história e
espacialidade.
História,
geografia e as Ciências Sociais
O mundo hoje caracteriza-se por ser técnico-científico
informacional- forma de organização
da sociedade que associa ciência, tecnologia e informação na produção de
todos os bens e serviços da sociedade. Esse
modo de produção transformou as bases materiais da vida da humanidade. Suas
características são: unicidade técnica; convergência dos momentos e a unidade motor
da vida social.
As necessidades nem sempre foram as mesmas para todos os homens, em
todos os tempos. Elas foram e são (até
hoje) condicionadas cultural e historicamente. A reflexão sobre esse inventário
cultural é a matéria prima das Ciências Sociais estudadas a partir da História
e Geografia, Sociologia, Antropologia Social, Antropologia Cultural, Política.
Cada uma dessas matérias se preocupam com objetos ligados ao homem e suas
relações com outros homens e a natureza.
A interdisciplinaridade dessas disciplinas, cumpre o papel de analise à sociedade e à Natureza nas perspectivas temporal e espacial, compreensão às mudanças a partir de suas causas
e propor caminhos para a transformação; ingresso a humanidade em seus diversos contextos responsabilizando-a
pelas suas ações.
Os
objetivos e conteúdos de Geografia e História na 1ªfase do Ensino Fundamental
•
O objetivo
principal da História e da Geografia, na 1ª fase do Ensino Fundamental (1º ao
5º ano), é construir com a criança um método de análise da vida social.
•
É fazê-la compreender o seu tempo, o espaço em
que vive e a sociedade da qual faz parte.
•
Para tal,
o professor deve construir os conceitos de Grupo Social /Sociedade, Espaço,
Tempo, Trabalho e Cultura utilizando os conteúdos selecionados para essa fase.
•
Exemplos
de objetivos específicos a serem alcançados pela História e a Geografia na 1ª
fase do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano):
1. estabelecer relações entre o presente e o passado;
2. comparar acontecimentos no tempo, tendo como referência a
anterioridade, posterioridade e simultaneidade;
3. reconhecer algumas semelhanças e diferenças sociais, econômicas e
culturais, de dimensão cotidiana, existentes no seu grupo de convívio escolar e
na sua localidade;
4. reconhecer algumas permanências e transformações sociais, econômicas
e culturais nas vivências cotidianas das famílias, da escola e da coletividade,
no tempo, no mesmo espaço de convivência;
5. identificar as relações de poder estabelecidas entre a sua localidade
e os demais centros políticos, econômicos e culturais, em diferentes tempos;
6. reconhecer semelhanças e diferenças nos modos que diferentes grupos
sociais se apropriam da natureza e a transformam, identificando suas
determinações nas relações de trabalho, nos hábitos cotidianos, nas formas de
se expressar e no lazer;
7. utilizar a linguagem cartográfica para representar e interpretar
informações em linguagem cartográfica, observando a necessidade de indicações
de direção, distância, orientação e proporção para garantir a legibilidade da
informação;
8. valorizar o uso refletido da técnica e da
tecnologia em prol da preservação e conservação do meio ambiente e da
manutenção da qualidade de vida;
9. adotar uma atitude
responsável em relação ao meio ambiente, reivindicando, quando possível, o
direito de todos a uma vida plena num ambiente preservado e saudável.
Todos esses objetivos serão atingidos a partir de conteúdos que abarquem
as vivências e experiências das crianças. Serão analisados a partir dos
elementos que os compõem como os grupos sociais/sociedade, o espaço, o tempo,
as atividades econômicas (trabalho) e a cultura.
Esses grupos sociais encontram-se em espaços como: sala de aula, escola,
casa, bairro, município, estado, país.
Referências
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/marxismo.htm
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-influencia-marx-na-educacao.htm
file:///C:/Users/Let%C3%ADcia/Downloads/CONTRIBUIESMARXISTASPARAPENSARMOS.pdf
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302009000200010&lang=pt
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