segunda-feira, 19 de outubro de 2020

História e Geografia no Âmbito Educacional

 

Caderno da Lê

História e geografia

Letícia B. Lourencio | cadernodale.blogspot.com | 09/10/2020

O TEMPO DE MERCÚRIO E O TEMPO DE VULCANO

As diferentes correntes de pensamento da História e Geografia e os seus reflexos no ensino.

Principais questões:

       Os princípios e fundamentos de cada ciência variam de acordo com as necessidades teóricas de cada época.

        Os estudiosos apresentam ideias, hipóteses, explicações e interpretações coerentes com as respostas exigidas pelo contexto social, político, econômico, cultural e tecnológico do período.

       Com a História e a Geografia isso aconteceu.

       Situando essa questão no tempo...

 

Positivismo (Séc. XX)

O Positivismo surgiu com o desenvolvimento do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial. Ele foi uma doutrina que englobou tanto perspectivas filosóficas como científicas do século XIX.

Os seguidores desse movimento acreditavam num ideal de neutralidade Em busca do "como", através da descoberta e do estudo das leis naturais. Pregando a fragmentação dos  dados em diferentes campos e métodos específicos (surgiram várias “Geografias” - geomorfologia, a biogeografia, a climatologia, entre outras).

A partir daí, os homens passam a ser estudados na Geografia Humana, através no tema população pelos dados quantitativos de crescimento, distribuição, expectativa de vida, natalidade e mortalidade, surge o método- descrição, a enumeração e a classificação dos fatos, etc.

Resumindo: O Positivismo é uma concepção filosófica e metodológica, e foi por meio dessa corrente de pensamento que a Geografia deixou a Idade Clássica, e ingressou na Era Moderna, que trouxe um novo discurso para a Geografia, exigindo um saber sistematizado e a possibilidade de afirmar proposições a partir de um certo grau de precisão, nos limites de uma linguagem lógica. Foi nesse palco que os geógrafos ergueram os pilares da Geografia Tradicional. Os intelectuais vinculados às correntes, determinismo ambiental, possibilismo e o método regional intentaram as primeiras tentativas de generalização feitas pelos geógrafos do período moderno. Vamos apenas relembrar as principais características da Geografia Positivista: redução da realidade ao mundo dos sentidos, existência de um único método de interpretação, comum a todas as ciências, a Geografia é uma ciência de síntese. O pensamento geográfico também se sustentou à custa de alguns princípios elaborados no processo de constituição dessa disciplina, e tidos como inquestionáveis, são eles: princípio da unidade terrestre - a princípio da individualidade, princípio da atividade, princípio da conexão, princípio da comparação e princípio da extensão.

O ensino da História e a Geografia no Positivismo

     HISTÓRIA:

       metodologia fundamentada na aula expositiva;

       sujeito da aprendizagem tornava-se então, um receptáculo que deveria registrar os conteúdos transmitidos pelo professor;

       os conteúdos- “grandes acontecimentos históricos e políticos” apresentados como fatos prontos e acabados, não passíveis de reflexão e interpretação;

     GEOGRAFIA:

       programa  formado das famosas “gavetinhas” : dados políticos, clima, relevo, vegetação, hidrografia, população, recursos naturais e produção - estados, países e continentes;

       conhecimento informativo, com uma coleção de dados quantitativos que exigiam mais  memorização do que análise;

 

O PENSAMENTO MARXISTA

Comparação e princípio da extensão. A palavra marxismo designa a doutrina política elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels e o método de análise socioeconômica baseada no que Marx chamou de materialismo histórico dialético, que apresenta como elemento de definição e análise da sociedade a sua produção material. Compreendendo o homem como um ser social histórico que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade pela sua atividade;

O marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos.

 

O  MARXISMO NA EDUCAÇÃO

Um ponto forte do marxismo é que ele fornece uma visão da transformação social e promove uma visão da ação humana determinada a levar adiante essa transformação. Ela retrata um mundo onde as coisas não são fixas e luta por mudança. Por essas características, o marxismo, muitas vezes, tem um apelo àqueles que se vêem como oprimidos. Além disso, enfatiza um ideal de poder social para as classes menos favorecidas, dessa forma, têm um forte elo para aqueles que vivem sob regimes ou em circunstâncias que demonstram pouca preocupação com a classe mais pobre.

 

O  MARXISMO NO ENSINO DA HISTÓRIA E DA GEOGRAFIA

O Ensino da História mediado pela concepção histórico-social possibilita ao aluno situar e entender a sociedade na época atual, apreendendo o seu movimento, a sua historicidade. Mostra a importância das massas nos feitos históricos e prova que não foram os heróis que fizeram a história e prova que tudo que aconteceu na história da humanidade foi motivado, pelo dinheiro ou busca de privilégios de um grupo minoritário sobre os demais, majoritários  e sozinhos.

A partir das últimas décadas do século XX, notadamente com a crise do marxismo, o campo da história da educação passou a contar com a hegemonia da Nova História. Desde então, os objetos de estudo passaram a privilegiar a história das mentalidades, da vida cotidiana, das mulheres, do microacontecimento educacional etc. A "história em migalhas" em que se transformou grande parte da história da produção acadêmica nessa área está diretamente relacionada com a concepção historiográfica que abandonou a preocupação com os movimentos que explicam a totalidade societária e que, por sua vez, se restringe apenas às propriedades únicas, singulares, inerentes a cada um dos fenômenos educacionais estudados. Além disso, os pesquisadores da educação filiados a essa concepção historiográfica tratam o contexto histórico mais geral da sociedade capitalista como um elemento dado da realidade educacional brasileira e, portanto, desnecessário de ser investigado do ponto de vista das contingências históricas que condicionam o cotidiano das práticas pedagógicas.

O Ensino de Geografia pelo marxismo promove a compreensão da totalidade concreta e a propagação de valores fundamentais como solidariedade, liberdade, justiça e igualdade. É mediado pela concepção histórico-social chamada de Geografia Crítica e constroi ferramentas teóricas e práticas para a superação do status quo, pois amplia a capacidade dos estudantes em produzirem outras espacialidades a partir da crítica aos processos históricos dominados por uma classe reguladora do modo de produção capitalista.

Torna-se uma ciência apta a elaborar uma crítica radical à sociedade capitalista pelo estudo do espaço e das formas de apropriação da natureza, estabelecendo uma educação que estimule a inteligência e o espírito crítico.

A perspectiva de uma Geografia Crítica, se localiza no real, no meio em que aluno e professor estão situados e que é fruto da práxis coletiva dos grupos sociais.

Ensinar Geografia significa problematizar o mundo pelo cotidiano dos estudantes por meio das articulações escalares vinculadas à economia, à política e à cultura. Por meio do materialismo histórico-dialético amplia-se a possibilidade do estudante compreender o mundo sem se afastar do mesmo, isto é, compreenderá que faz e é parte do mundo, pois a ciência geográfica não o anulará no seu cotidiano. O pensamento marxista fundamenta-se sobre a crítica à organização econômica, social e política baseada na exploração dos seres humanos resultando na concentração da riqueza para poucos e a pobreza para muitos. A sociedade ocidental capitalista tem suas bases conceituais aplicadas cotidianamente pelo que Thompson (2001) nomeou de ética aquisitiva, ou seja, foram edificados valores e símbolos que justificam a exploração, a acumulação e a pobreza, em outras palavras, “naturalizaram” o capitalismo. A construção desta ética permite o desenvolvimento do universo simbólico e consequentemente à manutenção do status quo.

A relação teórica e prática do Ensino de Geografia com o marxismo parte do concreto, das manifestações cotidianas das relações socioeconômicas e espaciais no cotidiano dos sujeitos. O concreto é o vivido, geograficamente significa o espaço experenciado pelos sujeitos ao mesmo tempo em que os sujeitos, a partir destas experiências, se projetam no espaço. A projeção do sujeito obriga-o a novas experiências com a espacialidade e, por fim, culmina em novas relações sujeito-mundo. A compreensão destas relações dialéticas torna-se possível pela mediação do conhecimento, pela construção categorial e conceitual dos elementos geográficos. Enfim, o Ensino de Geografia, pelo método materialista histórico-dialético, permite aos estudantes a compreensão de suas diferentes participações na espacialidade cotidiana, sem forçá-los à passividade, ao contrário, apontando-os para a atividade. O aprendizado geográfico marxista colabora para a edificação da totalidade compreendida cotidianamente, pois o concreto é a espacialidade vivida. A vivência cotidiana e a compreensão da processualidade histórica e geográfica fornecem ao estudante a condição de ser sujeito de sua própria história e espacialidade.

 

História, geografia e as Ciências Sociais

 O mundo hoje caracteriza-se por ser técnico-científico informacional-  forma de  organização  da sociedade que associa ciência, tecnologia e informação na produção de todos os bens e serviços da sociedade. Esse modo de produção transformou as bases materiais da vida da humanidade.  Suas características são: unicidade técnica; convergência dos momentos e a unidade motor da vida social.

As necessidades nem sempre foram as mesmas para todos os homens, em todos os tempos.  Elas foram e são (até hoje) condicionadas cultural e historicamente. A reflexão sobre esse inventário cultural é a matéria prima das Ciências Sociais estudadas a partir da História e Geografia, Sociologia, Antropologia Social, Antropologia Cultural, Política. Cada uma dessas matérias se preocupam com objetos ligados ao homem e suas relações com outros homens e a natureza.

A interdisciplinaridade dessas disciplinas, cumpre o papel de analise à sociedade e à Natureza nas perspectivas temporal e espacial, compreensão às mudanças a partir de suas causas e propor caminhos para a transformação; ingresso a humanidade em seus diversos contextos responsabilizando-a pelas suas ações.

 

Os objetivos e conteúdos de Geografia e História na 1ªfase do Ensino Fundamental

       O objetivo principal da História e da Geografia, na 1ª fase do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), é construir com a criança um método de análise da vida social.

        É fazê-la compreender o seu tempo, o espaço em que vive e a sociedade da qual faz parte.

       Para tal, o professor deve construir os conceitos de Grupo Social /Sociedade, Espaço, Tempo, Trabalho e Cultura utilizando os conteúdos selecionados para essa fase.

       Exemplos de objetivos específicos a serem alcançados pela História e a Geografia na 1ª fase do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano):

1. estabelecer relações entre o presente e o passado;

2. comparar acontecimentos no tempo, tendo como referência a anterioridade, posterioridade e simultaneidade;

3. reconhecer algumas semelhanças e diferenças sociais, econômicas e culturais, de dimensão cotidiana, existentes no seu grupo de convívio escolar e na sua localidade;

4. reconhecer algumas permanências e transformações sociais, econômicas e culturais nas vivências cotidianas das famílias, da escola e da coletividade, no tempo, no mesmo espaço de convivência;

5. identificar as relações de poder estabelecidas entre a sua localidade e os demais centros políticos, econômicos e culturais, em diferentes tempos;

6. reconhecer semelhanças e diferenças nos modos que diferentes grupos sociais se apropriam da natureza e a transformam, identificando suas determinações nas relações de trabalho, nos hábitos cotidianos, nas formas de se expressar e no lazer;

7. utilizar a linguagem cartográfica para representar e interpretar informações em linguagem cartográfica, observando a necessidade de indicações de direção, distância, orientação e proporção para garantir a legibilidade da informação;

 8.  valorizar o uso refletido da técnica e da tecnologia em prol da preservação e conservação do meio ambiente e da manutenção da qualidade de vida;

  9. adotar uma atitude responsável em relação ao meio ambiente, reivindicando, quando possível, o direito de todos a uma vida plena num ambiente preservado e saudável.

Todos esses objetivos serão atingidos a partir de conteúdos que abarquem as vivências e experiências das crianças. Serão analisados a partir dos elementos que os compõem como os grupos sociais/sociedade, o espaço, o tempo, as atividades econômicas (trabalho) e a cultura.

Esses grupos sociais encontram-se em espaços como: sala de aula, escola, casa, bairro, município, estado, país.

 

Referências

https://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/16191016022012Historia_do_Pensamento_Geografico_Aula_6.pdf

https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/marxismo.htm

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-influencia-marx-na-educacao.htm

file:///C:/Users/Let%C3%ADcia/Downloads/CONTRIBUIESMARXISTASPARAPENSARMOS.pdf

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302009000200010&lang=pt

 

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